Ensaio Sobre os Mecanismos da Memória em uma Ótica Psicanalítica
Written by Adonai Estrela Medrado   
Monday, 30 June 2008 18:44

Sobre

Este texto foi apresentado em junho/2006 na Faculdade de Filosofia e Ciências Humanas (FFCH) da Universidade Federal da Bahia (UFBA).

Introdução

O termo “memória” é utilizado na língua portuguesa de várias formas possuindo vinte e um significados e mais de uma dezena de locuções listados no dicionário Houaiss (2006).

1. faculdade de conservar e lembrar estados de conscfiênfcia'f passados e tudo quanto se ache associado aos mesmos; [...] 10. papel onde se anota o que não se pode esquecer; lembrete, memento; [...] 14. Rubrica: fisiologia, psicologia. faculdade de conservar as modificações sofridas pelo organismo com possibilidade de reproduzir a ação que as provocou. 15. Rubrica: informática. dispositivo que pode receber, conservar e restituir dados; [...] 19. Rubrica: psicologia. função geral que consiste em reviver ou restabelecer experiências passadas com maior ou menor consciência de que a experiência do momento presente é um ato de revivescimento; 20. Rubrica: psicologia. termo geral e global para designar as possibilidades, condições e limites da fixação da experiência, retenção, reconhecimento e evocação memórias. (HOUAISS, 2006)

Em outras línguas o termo possui as mesmas características. No dicionário on-line da língua Inglesa, Dictionary.com (2006), temos onze significados para o verbete memory, alguns similares aos encontrados no dicionário da língua portuguesa, outros singulares que merecem atenção.

3. Tudo que uma pessoa pode lembrar: Isto não esteve na minha memória. [...] 4. Biologia: Modificação persistente no comportamento resultante da experiência de um animal. [...] 11. Imunologia: Abilidade do sistema imunológico de responder mais rápido e mais eficaz a subseqüentes exposições a um antígeno. (DICTIONARY.COM, 2006) – Tradução Livre.

A arte, inclusive a cinematográfica, já se ocupou bastante do tema. No ano de 2004 foi lançado o filme “Diário de Uma Paixão” (título original: “The Notebook”), romance da New Line Cinema, que mostra o marido de uma senhora que está internada em um asilo e não têm memória qualquer de sua vida, tento apenas pequenos surtos de lembrança que duram poucos minutos1. Tem-se outro caso de exploração do tema, novamente em 2004, em “Como se Fosse a Primeira Vez” (título original: “50 First Dates”), comédia romântica da Sony Pictures mostra um homem que se apaixona por uma mulher que, após ter sofrido um acidente de carro, não consegue lembrar por mais de um dia o que acontece em sua vida2. Nesta mesma linha segue o filme “Procurando Nemo” (título original: “Finding Nemo”), de 2003, um infantil da Disney com a Pixar mostra um peixe que teria memória de apenas poucos segundos3.

Muito sobre a memória é discutido, tenta-se encontrar sua origem e sua localização, por exemplo, existem especulações a respeito da memória celular que seriam “comprovadas” por pacientes que sofreram transplantes de órgão. Janis (1998) em uma reportagem para o público geral na USA Weekend levantou algumas possibilidades. Poderia um paciente que recebeu transplante de órgão herdar as memórias do seu doador? A ciência até agora tem dito que não, mas alguns casos têm chamado atenção.

Este interesse pela memória e os vários uso do termo parece ser motivado pela dependência que o ser humano tem dela. Antes de falar, de escrever, de ler ou mesmo de pensar sobre determinado problema temos que ter acesso a algo que nos recorde do significado das palavras, da forma das letras e do problema em questão com suas variáveis. Este algo que faz com que nossas vidas sejam possíveis é chamado de memória. Qualquer perda que temos nela, qualquer alteração, pode prejudicar nosso raciocínio e a capacidade de interagir com o mundo.

Alzheimer é uma das mais conhecidas doenças capazes de trazer severas alterações na nossa memória.

A doença Alzheimer é uma disfunção cerebral progressiva que gradualmente retira do indivíduo afetado a memória, a capacidade de aprender, a razão, a capacidade de julgamento, comunicação e a capacidade de cuidar das tarefas cotidianas. Com o progresso da Alzheimer, os indivíduos também podem experimentar mudança na personalidade e comportamento, tais como ansiedade, desconfiança ou agitação, bem como alucinações. (ALZHEIMER ASSOCIATION, 2006a) – Tradução Livre

Uma característica interessante do doente de Alzheimer é o fato de ele criar memórias e suspeitas para suprir-se dos acontecimentos que não consegue lembrar. Esta característica é chamada de Suspiciousness pela Alzheimer Association (2006b) e é assim descrita por ela:

Uma desconfiança comum nos pacientes de Alzheimer que acontece enquanto a memória deles piora gradativamente. Um exemplo comum ocorre quando o paciente acredita que os seus óculos ou seus pertences foram roubados quando eles esqueceram onde os colocaram. (ALZHEIMER ASSOCIATION, 2006b) – Tradução Livre

Criam-se explicações para suprir um lapso de memória. Isto, no entanto, não acontece somente no doente. Pessoas sadias às vezes criam memórias que nunca existiram, mas que servem aos seus próprios interesses.

Eu havia contado a um de meus pacientes, um homem ambicioso e capaz, que um jovem estudante fora recentemente incorporado ao círculo de meus discípulos por meio de um interessante trabalho, “Der Künstler, Versuch einer Sexualpsychologie” [O Artista, Ensaio de uma Psicologia Sexual]. Ao ser esse livro publicado depois de um ano e três meses, meu paciente afirmou poder lembrar-se com certeza de ter lido em algum lugar, antes mesmo de minha comunicação (um ou seis meses antes), um anúncio desse livro, talvez no prospecto de algum livreiro. Esse anúncio, disse ele, viera-lhe à mente naquela ocasião, e comentou ainda ter constatado que o autor havia modificado o título: já não se chamava “Versuch” [“Esboço”], mas “Anzätze zu einer Sexualpsychologie” [Rudimentos de uma Psicologia Sexual]. Entretanto, uma sondagem cuidadosa feita com o autor e a comparação de todas as datas mostraram que meu paciente alegava lembrar-se de algo impossível. Nenhum anúncio do livro aparecera em parte alguma antes da publicação, e menos ainda um ano e três meses antes de ele ser impresso. Quando deixei de interpretar essa ilusão da memória, esse mesmo homem produziu uma reedição dela, de natureza equivalente. Acreditou ter visto recentemente uma obra sobre a agorafobia na vitrine de uma livraria e estava agora pesquisando os catálogos de todas as editoras para obter um exemplar. Pude então explicar-lhe por que seus esforços seriam necessariamente infrutíferos. A obra sobre a agorafobia só existia em sua fantasia, como uma intenção inconsciente, devendo ser escrita por ele mesmo. Sua ambição de se igualar ao outro jovem e tornar-se um de meus discípulos mediante um trabalho científico similar fora responsável pela primeira ilusão da memória e, depois, por sua repetição. Diante disso, ele se lembrou de que o anúncio de livraria que lhe servira para esse falso reconhecimento referia-se a um livro intitulado “Genesis, das Gesetz der Zeugung” [Gênese, a Lei da Geração]. Mas a alteração do título por ele mencionada correu por minha conta, pois pude lembrar-me de ter cometido eu mesmo essa inexatidão — “Versuch” em vez de “Ansätze” — ao reproduzir o título. (FREUD, 1997a)

Mas a memória também pode ser extremamente acurada, lembrar de fatos somente vistos ou ouvidos uma única vez. Freud (1999, p. 31-40) e autores da parapsicologia como Quevedo (1993, p. 98-112) citam diversos exemplos. O primeiro chama estes fenômenos de “hipermnésicos”, já os parapsicólogos chamam-no de característica pantomnésica do inconsciente, ou simplemente pantomnésia. O inconsciente lembra de tudo. Em um exemplo citado por Quevedo (1993, p. 100), “um jovem, ao chegar a um lugar ‘onde nunca estivera’, conhecia tudo perfeitamente. Impressionado, pesquisou, descobrindo que quando criança de poucos meses fora levado para aquele lugar pela ama.”

Objeto de estudo de diversos autores e nas mais diversas áreas, representada pela arte, estudada pela medicina, com características divulgadas e especuladas pela mídia a memória tem sido objeto de interesse da humanidade. Talvez seja Sigmund Freud um dos autores que mais se dedicou sobre o assunto. Em vários momentos da sua obra, cita, estuda e tenta entender os fenômenos da memória. Por que lembramos? Por que esquecemos?

Seus estudos sobre os sonhos e a histeria têm bases muito fortes no conhecimento sobre a memória. No começo do estudo sobre os sonhos afirma que “Todo material que compõe o conteúdo de um sonho é derivado, de algum modo, da experiência, ou seja, foi reproduzido ou lembrado no sonho – ao menos podemos considerar como fato indiscutível.” (FREUD, 1999, p. 32). Já em um estudo sobre as lembranças encobertas diz que “o histérico habitualmente mostra uma amnésia em relação a algumas ou todas as experiências que levaram à instalação de sua doença” (FREUD, 1997b).

A importância do estudo de Freud é que ele trata e dá exemplos do cotidiano. Tenta explicar fatos que geralmente acontecem com freqüência.

Este trabalho tentará fazer uma sintaxe sobre o tema da memória dando foco às interpretações freudianas e psicanalistas de fatos do dia a dia. Tentará destacar alguns pontos como o que é memória para a psicanálise, seus processos de esquecimento e lembrança e como ela se encaixa no modelo de consciente e inconsciente.

Conceitos de Memória, Esquecimento e Lembrança

Antes de começar a discutir os mecanismos da memória tem-se que definir a que estamos nos referindo quando falamos de memória, de esquecimento e lembrança.

O que aqui consideramos é resultado da nossa leitura de Freud.

Memória

Como visto, existem diversos usos do termo memória na nossa linguagem, mas aqui estaremos sempre nos referindo primordialmente ao uso exposto no Houaiss (2006): “faculdade de conservar e lembrar estados de consciência passados e tudo quanto se ache associado aos mesmos”.

Por este conceito é impossível que tenhamos memória do presente ou do futuro. Só se lembra o que já passou, seja há um milésimo de segundo atrás ou décadas.

Assumiremos, por enquanto, a hipótese da parapsicologia explanada em Quevedo (1993), e corroborada em alguns pontos por Freud (1999) e (1997c), de que o inconsciente lembra de tudo e de que existe um complexo mecanismo de transferência de memórias para a consciência.

Para fins de clareza assumiremos a seguinte nomenclatura: (1) Memória Inconsciente: memória de todos os acontecimentos, considerando-se todos os sentidos sensoriais que o humano possui para perceber o mundo. (2) Memória Consciente: parte da memória inconsciente que está sendo utilizada no presente. Freud (1997d) refere-se a estes dois tipos de memória, citando um exemplo de como faz para tirar vantagem deles:

Uma experiência semelhante sucede quando encontro um conhecido distante e, por uma questão de cortesia, pergunto como vão indo seus filhinhos. Se ele descreve os progressos dos filhos, procuro deixar que me ocorra a idade atual da criança, verifico-a através das informações do pai e, no máximo, erro por um mês, ou, no caso de crianças mais velhas, por três meses, embora não saiba dizer em que foi que baseei essa estimativa. Ultimamente, tornei-me tão ousado que sempre forneço minha estimativa espontaneamente, sem risco de melindrar o pai ao expor minha ignorância sobre sua prole. Dessa maneira, amplio minha memória consciente invocando minha memória inconsciente, que é sempre muito mais rica. (FREUD, 1997d)

Esquecimento

Esquecimento será visto como a incapacidade momentânea ou não de transferir informações e dados da memória inconsciente para a memória consciente. Evidentemente só se transfere aquilo que existe.

Em muitos casos se verifica um esquecimento inconscientemente proposital, que chamaremos simplificadamente de esquecimento proposital. Freud (1997a) trazf alguns exemplos, entre eles:

Eu me havia comprometido a adquirir, para uma dama estrangeira em visita a Viena, um pequeno cofre portátil para guardar seus documentos e dinheiro. Quando me dispus a isso, tinha presente uma imagem visual incomumente vívida da vitrine de uma loja no centro da cidade onde tinha certeza de ter visto esses cofres. É verdade que não conseguia lembrar-me do nome da rua, mas estava certo de que encontraria a loja se andasse pelo centro da cidade, pois minha memória me dizia que eu passara pode ela inúmeras vezes. Para minha irritação, porém, não consegui encontrar a vitrine com os cofrinhos, embora percorresse o centro da cidade em todas as direções. Não me restava outro recurso, pensei eu, senão consultar num catálogo os endereços de fabricantes de cofres, para então identificar, numa segunda caminhada pela cidade, a vitrine buscada. Mas não foi preciso tanto; entre os endereços indicados no catálogo havia um que reconheci imediatamente como o esquecido. Era verdade que eu havia passado inúmeras vezes por essa vitrine — a saber, todas as vezes em que visitara a família M., que há muitos anos reside no mesmo prédio. Desde que nossa estreita amizade cedeu lugar a um distanciamento total, habituei-me, sem me dar conta das razões disso, a evitar também aquela área e o prédio. (FREUD, 1997a).

Lembrança

Lembrança é quando acontece a transferência das informações da memória inconsciente para a memória consciente.

Consideramos lembrança inclusive os fatos tomados consciência durante os sonhos, porém não consideramos lembrança informações que são obtidas em estado alterado de consciência, pois, nestes casos a transferência pode não ocorrer, pois estaria sendo acessado diretamente o inconsciente. Assim, não é lembrança para nós o ocorrido no caso abaixo.

A Srta. W. procurava encontrar uma carta comercial muito importante, que perdera um ano antes da nossa entrevista... Em estado hipnótico, e em resposta a perguntas específicas, disse, primeiro quando recebera a carta; depois em que oportunidade a utilizara; e por último quando a vira pela última vez. Foi no quarto para hóspedes, de sua tia, em Boston enquanto preparava a mala para viajar.

- Não a colocou na mala?

- Não.

- Desde então não a viu mais?

- Não.

Acordando-a, informei-a de que deixara a carta no quarto para hóspedes em Boston. (Em vigília ela afirmara que a última vez que tinha visto a carta fora num escritório de New York). Ela não acreditava ser isso possível, mas disse que o comprovaria escrevendo para sua tia. Algumas semanas mais tarde, fui informado de que a investigação confirmara a revelação feita durante a hipnose. A carta fora encontrada em Boston. Felizmente sua tia a tinha guardado. (RHODES apud QUEVEDO, 1993, p. 146).

 

Fluxo e Aparato Psíquico da Memória

Existem diversos modelos que tentam explicar o funcionamento do fluxo e do aparato psíquico da memória. Uma noção geral destes modelos mostra-se é interessante.

Consideremos na leitura das tentativas de explicação que se seguem a idéia de que todo processo antes de se tornar consciente é inconsciente.

Todos estes modelos na medida em que explicam o funcionamento da memória tentam também explicar o funcionamento do psíquico, uma vez que a memória pode ser vista como seu elemento primordial. Para pensarmos precisamos ter informações, para retermos informação precisamos de memória.

Explicação do Processo de Memória numa Alusão ao Iceberg.

Quevedo (1983) tenta explicar o funcionamento da memória fazendo uma metáfora com um bloco de gelo:

A memória é como um desses enormes blocos de gelo que os ingleses chamam “iceberg”. Só uma pequena parte aparece sobre a superfície do mar, a memória consciente, a memória atual se é que podemos empregar essa expressão. Mas, da superfície pode-se ver também uma pequena parte do “iceberg”, contanto que queiramos olhar para baixa: é a memória pré-consciente. São todas essas lembranças que temos arquivadas e às quais agora, por exemplo, quando estamos lendo essas linhas não prestamos atenção. Mas basta que queiramos e nos lembraremos como é o nosso nome e dos nossos parentes, e onde moramos, em que ocasião fizermos uma viagem de aviação pela última vez etc. Basta olharmos para baixo, sob a superfície do mar, ao pré-consciente.

Há outra zona do “iceberg” que não vemos, nem mesmo se olharmos para ela. Mas se o “iceberg” se inclinar um pouco, essas lembranças irão emergir. Isso acontece porque as circunstâncias (associação de idéias inconscientes) procuram ou reclamaram tal lembranças.

Muitas das chamadas “intuições” ou “inspirações” do momento são, no todo ou em parte, lembranças do que ouvimos, lemos, pensamos em ocasiões anteriores. Mas passam quase sempre despercebidas no seu aspecto de lembranças. (QUEVEDO, 1983, p. 109-110).

Na organização que assumimos de memória consciente e memória inconsciente, neste modelo de iceberg diremos que as memórias chamadas pré-conscientes são as que mais facilmente são transferidas do inconsciente.

Explicação da Influência da Memória Utilizando uma Abordagem Sistemática

Squire (2004) traz uma excelente visão sistemática, fazendo um apanhado histórico de diversos autores. No seu trabalho afirma que

Os diversos sistema de memória podem ser distinguidos pelos diferentes tipo de informação que eles processam e princípios pelos quais operam.

[...]

Os sistemas de memória operam em paralelo e sustentam o comportamento. Por exemplo, um evento desagradável da infância envolvendo um enfrentamento com um grande cachorro pode levar a um estado estável de memória declarativa para o evento em si bem como um medo não declarativo e duradouro de cachorros (fobia) que é experienciado como um condicionamento de personalidade ao invés de uma memória. (SQUIRE, 2004, p. 4) – Tradução Livre.

Esta abordagem leva em conta a memória dos hábitos, respostas emocionais, vários tipos de aprendizagem além das memórias de fatos e eventos tudo isto associado a áreas específicas do cérebro4.

Explicação do Fluxo de Memória Utilizando uma Analogia Computacional

O modelo utilizado por Carreiro (1997), para explicar o fluxo de memória, é uma alusão às novas tecnologias.

[...] poderíamos aproveitando o transcurso da era da microeletrônica, associar o consciente à memória volátil dos sistemas computadorizados que analisa, endereça e arquiva informações, e o subconsciente, ao disco rígido do computador (Winchester) que é um grande arquivo de informações. Do ponto de vista didático essa associação parece ser eficaz para o entendimento desse tema tão complexo.

Para alguns autores, o consciente é apenas um processador de informações que são requeridas do subconsciente onde está localizada a grande memória. (CARREIRO, 1997, p. 108)

Avançando a explicação com a mesma alusão tenta explicar também os atos involuntários.

Imagine que as informações sobre conhecimentos normais só sobem ao consciente quando solicitadas, o que não acontece com as informações mais fortemente construídas como as “matrizes”, essas rompem facilmente a barreira da janela e sobem despercebidas pelo consciente e são capazes de, compulsivamente, impelir alguns comportamentos ou sensações. (CARREIRO, 1997, p. 108).

Na ótica psicanalista desta explicação, pode-se dizer que as “matrizes” são as pulsões. Utilizando a nossa nomenclatura, ainda diríamos que as memórias relacionadas às pulsões são, às vezes, transferidas do inconsciente para o consciente sem que o indivíduo conscientemente solicite-a.

Pantomnésia e Hipermnésica

Antes de prosseguirmos com a análise do motivo pelo qual esquecemos e lembramos, faz-se necessário uma análise da hipótese de pantomnésica e da hipermnésica de que o inconsciente lembra de tudo ou no mínimo tem uma capacidade quase ilimitada de memória, pois é nela que se sustentam os conceitos de esquecimento e de lembrança aqui utilizados.

Cabe atentar que estes conceitos estão considerando indivíduos em plena capacidade fisiológica. Não são do conhecimento deste trabalho estudos que apliquem estes conceitos em doentes de Alzheimer, por exemplo.

Hipermnésia

Freud em sua obra não afirma o poder de reter toda e qualquer informação na memória inconsciente, ele simplesmente crê na grande superioridade desta em relação à memória consciente, fato que denomina hipermnésia (1999). Analisou inclusive vários e vários casos deste tipo durante a análise dos sonhos e constata que “ninguém que se ocupe de sonhos pode, creio eu, deixar de descobrir que é fato muito comum um sonho dar mostras de conhecimentos e lembranças que o sujeito, em estado de vigília, não está ciente de possuir”. (FREUD, 1999, p. 34) Nesta mesma obra Freud cita alguns autores que chegaram à mesma conclusão: Myers, Hildebrant, Strümpell, Volkelt e Maury (FREUD, 1999, p. 34-36).

Inevitável foi admitir que “o fato de os sonhos serem hipermnésicos e terem acesso ao material proveniente da infância tornou-se um dos pilares de nossa doutrina” (FREUD, 1997e). Mais ainda assim, é diferente de afirmar a pantomnésia, isto é, que inconsciente lembra de tudo, apesar de ter chegado muito perto disto ao concordar com uma afirmativa de Scholz “nada que tenhamos possuído mentalmente uma vez pode se perder inteiramente” (FREUD 1999, p. 39).

A diferença está que para a pantomnésia, termo proposto por Charles Richet, nada se perde (QUEVEDO, 1983, p. 108).

Pantomnésia

A priori é impossível provar-se a existência da pantomnésia. É impraticável colocar um sujeito em laboratório, hipnotizá-lo para ter acesso direto a sua memória inconsciente, pedir que ele descreva toda sua vida detalhadamente até um dado momento, considerando todos os seus sentidos sensoriais, e depois verificar cada uma das informações dadas. Podemos apenas assumir como verdade a sua existência até que sejam encontradas provas em contrário.

O problema está que também é difícil provar sua não existência. Como provar que alguém não se lembra de algo? Mesmo o sujeito hipnotizado pode-se verificar resistências sendo impossível assim afirmar categoricamente que ele não se lembra, pois pode apenas estar se recusando a informar tal lembrança. O mesmo acontece com outras técnicas que induzem o estado alterado de consciência.

O fascínio que a prática e as lendas sobre o hipnotismo exercem sobre as pessoas, explica-se pela mentalidade mágica e as fantasias de onipotência, que ainda nos dominam. Na realidade o poder do hipnotista é relativo. O hipnotizado não é esse autômato indefeso e de obediência indiscriminada, que geralmente se acredita. O poder da hipnose sofre as limitações impostas nos códigos morais e éticos, além das conveniências vitais da personalidade do hipnotizado.

Todos nós temos um mecanismo de defesa que funciona inconscientemente, instintivamente e automaticamente, como uma “polícia interior”, que continua vigilante no mais profundo transe hipnótico. [...] (CARREIRO, 1997, p. 131)

Mesmo com estas observações acreditamos ainda que o termo seja válido, pela grande quantidade de casos que foram analisados e que se obteve sucesso partindo-se da premissa pantomnésica.

Não se acreditando na hipótese de pantomnésia, pode-se desistir facilmente de tentar “encontrar” as lembranças desejadas pelo argumento de que, simplesmente, não estão na memória, ignorando-se outras possíveis causas para o esquecimento, como a resistência, comprovada em inúmeros casos5. Esta filosofia de crer em uma pantomnésia era utilizada e recomendada por Freud, mesmo sem falar no termo, dizia que era necessário “forçar tanto quanto possível o canal da memória”.

O paciente não pode recordar a totalidade do que nele se acha reprimido, e o que não lhe é possível recordar pode ser exatamente a parte essencial. Dessa maneira, ele não adquire nenhum sentimento de convicção da correção da construção teórica que lhe foi comunicada. É obrigado a repetir o material reprimido como se fosse uma experiência contemporânea, em vez de, como o médico preferiria ver, recordá-lo como algo pertencente ao passado. Essas reproduções, que surgem com tal exatidão indesejada, sempre têm como tema alguma parte da vida sexual infantil, isto é, do complexo de Édipo, e de seus derivativos, e são invariavelmente atuadas (acted out) na esfera da transferência, da relação do paciente com o médico. Quando as coisas atingem essa etapa, pode-se dizer que a neurose primitiva foi então substituída por outra nova, pela ‘neurose de transferência’. O médico empenha-se por manter essa neurose de transferência dentro dos limites mais restritos; forçar tanto quanto possível o canal da memória, e permitir que surja como repetição o mínimo possível. A proporção entre o que é lembrado e o que é reproduzido varia de caso para caso. O médico não pode, via de regra, poupar ao paciente essa face do tratamento. Deve fazê-lo reexperimentar alguma parte de sua vida esquecida, mas deve também cuidar, por outro lado, que o paciente retenha certo grau de alheamento, que lhe permitirá, a despeito de tudo, reconhecer que aquilo que parece ser realidade é, na verdade, apenas reflexo de um passado esquecido. Se isso puder ser conseguido com êxito, o sentimento de convicção do paciente será conquistado, juntamente com o sucesso terapêutico que dele depende. (FREUD, 1997f)

 

Então, para os efeitos do nosso estudo continuaremos assumindo a existência da pantomnésia, pelo menos enquanto premissa, por ele ser essencial, no nosso ponto de vista, tanto ao estudo aqui proposto quando à prática psicanalítica.

 

Motivos pelos Quais Esquecemos e Lembramos

Freud (1997a, 1997d, 1997g) tenta nos responder os motivos pelos quais nos esquecemos ou lembramos das impressões, conhecimento e intenções. Já em (1999, p. 495-513) analisa o esquecimento dos sonhos.

Esquecimentos e Lembrança de Impressões, Conhecimento e Intenções

Em nossa análise parece claro que os fenômenos de esquecimento estão relacionados ao princípio do prazer.

Na teoria da psicanálise não hesitamos em supor que o curso tomado pelos eventos mentais está automaticamente regulado pelo princípio de prazer, ou seja, acreditamos que o curso desses eventos é invariavelmente colocado em movimento por uma tensão desagradável e que toma uma direção tal, que seu resultado final coincide com uma redução dessa tensão, isto é, com uma evitação de desprazer ou uma produção de prazer. (FREUD, 1997e).

Lembramos ou esquecemos propositalmente aquilo que nos é conveniente e que serve ao princípio do prazer. Podemos, por exemplo, lembrar para sentir prazer, como podemos esquecer para evitar um desprazer. É muito difícil de controlar este mecanismo, mesmo quando sabemos da sua existência.

Freud cita e analisa diversos casos de esquecimento, sempre mostrando os mecanismos de como se conseguiu obter as lembranças. Vejamos dois exemplos:

Fui solicitado pela firma B. & R. a fazer uma visita médica a um de seus empregados. A caminho dessa residência, fui tomado pela idéia de que já devia ter estado diversas vezes no prédio em que se localizava essa firma. Era como se eu houvesse notado o letreiro da empresa num andar inferior enquanto fazia uma visita profissional num andar acima. Entretanto, não consegui lembrar-me nem do edifício, nem de quem teria visitado. Embora o assunto todo não tivesse importância nem sentido, continuei a me ocupar dele e finalmente descobri, pelo rodeio habitual, ou seja, reunindo os pensamentos que me ocorreram a esse respeito, que os escritórios da firma B. & R. ficavam um andar abaixo da Pensão Fischer, onde eu muitas vezes visitara pacientes. Ao mesmo tempo, lembrei-me também do prédio que abrigava o escritório e a pensão. Ainda me era enigmático o motivo que estivera em jogo nesse esquecimento. Não descobri nada ofensivo à memória na própria firma, ou na Pensão Fischer, ou nos pacientes que ali moravam. Conjeturei então que não poderia tratar-se de nada muito penoso, caso contrário eu dificilmente teria conseguido recuperar por via indireta o que havia esquecido, sem recorrer à ajuda externa, como fizera no exemplo anterior. Por fim, ocorreu-me que pouco antes, quando estava a caminho da casa desse novo paciente, um senhor que tive dificuldade em reconhecer me havia cumprimentado na rua. Meses antes, eu examinara esse homem num estado aparentemente grave e o sentenciara com um diagnóstico de paralisia progressiva; mais tarde, porém, ouvi dizer que ele se havia restabelecido, de modo que meu julgamento devia estar errado. A menos que tivesse havido uma das remissões também encontradas na dementia paralytica, de modo que meu diagnóstico continuaria a ser justificado! A influência que me fez esquecer a localização do escritório da B. & R. proveio de meu encontro com esse homem, e meu interesse em encontrar a solução para o que fora esquecido transferiu-se para isso partindo desse caso de diagnóstico duvidoso. Mas o elo associativo, não obstante a ínfima ligação interna — o homem que se restabeleceu contrariando as expectativas também era funcionário de uma grande empresa que costumava encaminhar-me pacientes —, foi fornecido pela identidade entre os sobrenomes. O médico junto com quem eu examinara o suposto caso de paralisia também se chamava Fischer, tal como a pensão afetada pelo esquecimento, que ficava naquele prédio. (FREUD, 1997a)

Freud esqueceu um conhecimento que lhe causava desprazer pela lembrança de um possível julgamento errado.

Ao se despir à noite, um paciente cujo tratamento psicanalítico foi interrompido pelas férias de verão, num período em que ele se achava num estado de resistência e mal-estar, colocou seu molho de chaves, ao que lhe pareceu, no lugar habitual. Lembrou-se então de que havia mais algumas coisas de que precisava para sua viagem no dia seguinte — último dia do tratamento e data de pagamento dos honorários —, e foi buscá-las na escrivaninha, onde também pusera o dinheiro. Mas as chaves haviam desaparecido. Ele começou a empreender em sua pequenina casa uma busca sistemática, porém com agitação cada vez maior… e nada de êxito. Por reconhecer no ‘extravio’ das chaves um ato sintomático, isto é, algo feitointencionalmente [sic], acordou seu criado para poder prosseguir na busca com o auxílio de uma pessoa ‘imparcial’. Depois de mais uma hora, desistiu, temendo haver perdido as chaves. Na manhã seguinte, encomendou chaves novas do fabricante da escrivaninha, sendo estas feitas para ele a toda pressa. Dois amigos que o haviam acompanhado à casa no mesmo táxi acreditaram lembrar-se de ter ouvido alguma coisa tilintar no chão quando ele desceu do carro. Ele estava convencido de que as chaves haviam caído de seu bolso. Naquela noite, o empregado, triunfante, apresentou-lhe as chaves. Tinham sido encontradas entre um livro grosso e um folheto fino (trabalho de um de meus alunos) que ele queria levar para ler nas férias, e estavam colocadas com tanta habilidade que ninguém suspeitaria que estivessem ali. Depois, foi-lhe impossível recolocá-las de maneira a ficarem igualmente invisíveis. A destreza inconsciente com que se extravia um objeto por motivos ocultos, mas poderosos, faz lembrar muito a ‘certeza sonambúlica’. O motivo, como se poderia esperar, era o mal-estar pela interrupção do tratamento e raiva secreta por ter de pagar honorários elevados quando se sentia tão mal. (FREUD, 1997a)

Efetuar o pagamento seria desprazeroso. As chaves postas em um local e esquecidas propositalmente. Interessante aqui que houve uma escolha inconsciente do melhor lugar para esquecê-las.

Freud (1997g) fala sobre alguns casos de esquecimento de intenções e chama atenção para que:

Nenhum grupo de fenômenos se presta melhor do que o esquecimento de intenções para comprovar a tese de que, por si só, a falta de atenção não basta para explicar os atos falhos.

[...]

Um amante que falta a um encontro sabe que é inútil desculpar-se dizendo a sua dama que, infelizmente, esqueceu-o por completo. Ela não deixará de responder: “Há um ano você não teria esquecido. É que já não se importa comigo.” Mesmo que ele se agarrasse à explicação psicológica mencionada acima e quisesse desculpar seu esquecimento alegando um acúmulo de trabalho, só conseguiria fazer com que a dama — já agora tão perspicaz quanto o médico na psicanálise — lhe respondesse: “Curioso, essas perturbações do trabalho nunca apareceram antes!” (FREUD, 1997g).

Escolhe-se aquilo que dá mais prazer, a dama sabe disto, mesmo de forma leiga.

Esquecimento dos Sonhos

Freud (1999, p. 502) afirma que “[...] o esquecimento dos sonhos, em grande parte, é produto da resistência”.

Vem um de meus pacientes e me conta que teve um sonho, mas esqueceu todo e qualquer vestígio dele: portanto, é como se nunca tivesse acontecido. Prosseguimos com nosso trabalho. Deparo com uma resistência; por isso, explico algo ao paciente e o auxilio, através do incentivo e da pressão, a chegar a um acordo com algum pensamento desagradável. Mal consigo fazer isso, ele exclama: “Agora me lembro do que foi que sonhei!” A mesma resistência que estava interferindo em nosso trabalho desse dia também o fizera esquecer o sonho. Superando essa resistência, resgatei o sonho para sua memória.

Exatamente da mesma maneira, quando um paciente atinge determinado ponto em seu trabalho, é possível que consiga lembrar-se de um sonho ocorrido há três ou quatro dias, ou até mais, e que até então permanecera esquecido. (FREUD, 1999, p. 502).

Muito simples, a resistência sendo trabalhada, volta a lembrança. Freud (1999, p. 503) ainda estende o raciocínio e diz que a mesma explicação da resistência também pode ser utilizado para outros tipos de esquecimento.

Uma observação que pude fazer durante a preparação deste manuscrito mostrou-me que os sonhos não são mais esquecidos do que outros atos mentais e podem ser comparados, sem nenhuma desvantagem, com outras funções mentais, no que concerne a sua retenção na memória. (FREUD, 1999, p. 503)

Complementando nossa visão de que o princípio do prazer é o responsável pelo esquecimento de impressões, conhecimento e intenções, temos a idéia de que se esquece devido à resistência.

Freud (1999, p. 507) analisa mais detalhadamente os casos de esquecimento de sonho. Se a resistência nos faz esquecer dos sonhos, por que conseguimos ter uma leve impressão de memória sobre ele quando acordamos e vamos esquecendo aos poucos? Segundo ele, a explicação seria que “no decorrer da noite, a resistência perde parte de seu poder, embora saibamos que não o perde inteiramente” (FREUD, 1999, p.57). Conseguimos lembrar de parte logo quando acordamos, pois nossa resistência estaria “fraca”.

 

Conclusão

O princípio do prazer e a resistência são os motivos pelos quais lembramos e esquecemos. Podemos utilizar este conhecimento a nosso favor para criar métodos de memorização ou métodos de resgate da memória. Linhas de raciocínio que levem a compreensão do motivo do esquecimento podem “quebrar” a resistência e trazer a memória à tona. Freud faz isto diversas vezes nos seus exemplos.

Devemos partir da premissa que somos capazes de lembrar de tudo, para não ser deixados levar facilmente pela idéia de que “simplesmente não guardamos aquela informação”. A crença no poder da memória é fundamental no processo de lembrança.

Achamos que a visão geral aqui exposta, principalmente com os diversos exemplos retirados da obra de Freud e outros autores, possibilitou um entendimento do funcionamento da memória, que pode ser aplicado nas mais variadas situações. Por exemplo, conceitos como os da técnica de memorização podem ser entendidos pelo princípio do prazer e pelo esquecimento.

Freud fez um estudo sobre a memória aprofundado em diversas obras, muitas exclusivas sobre o tema, que certamente serão de grande ajuda quando quisermos nos lembrar de algo ou pelo menos nos entender melhor.

Notas de Rodapé

1 Mais informação sobre o filme pode ser encontrado no site oficial. Endereço da Internet para acesso via web: http://www.thenotebookmovie.com/. (Última visita 17/06/2006).

2 Mais informações sobre o filme pode ser encontrado no site oficial. Endereço da Internet para acesso via web: http://www.sonypictures.com/homevideo/50firstdates/. (Última visita 17/06/2006).

3 Mais informações sobre o filme pode ser encontrado no site oficial. Endereço da Internet para acesso via web: http://www.pixar.com/featurefilms/nemo/. (Última visita 17/06/2006).

4 Para uma visão esquemática consultar artigo de Squire (2004, p. 4, Figura 1)

5 Ver, por exemplo, caso descrito na seção 2.2.

Referências Bibliográficas

ALZHEIMER’S ASSOCIATION. What Is Alzheimer’s Disease? 2006a. Disponível em: <http://www.alz.org/AboutAD/WhatIsAD.asp>. Acesso: 15/06/2006.

ALZHEIMER’S ASSOCIATION. Glossary. 2006b Disponível em: <http://www.alz.org/Resources/Glossary.asp>. Acesso: 15/06/2006.

CARREIRO, Antonio Almeira. Fenômenos Hipnóticos. Salvador, 1997.

DICTIONARY. Dictionary.com. 2006. Disponível em: <http://dictionary.reference.com/browse/memory>. Acesso: 15/06/2006.

FREUD, S.. Edição Eletrônica de Freud. Imago. 1997a. CDROM. Artigo: (A) O Esquecimento De Impressões E Conhecimentos.

FREUD, S.. Edição Eletrônica de Freud. Imago. 1997b. CDROM. Artigo: ”Lembranças Encobridoras”.

FREUD, S.. Edição Eletrônica de Freud. Imago. 1997c. CDROM. Artigo: ”Uma Nota Sobre O Bloco Mágico”.

FREUD, S.. Edição Eletrônica de Freud. Imago. 1997d. CDROM. Artigo: ”Capítulo VII - O Esquecimento De Impressões E Intenções”.

FREUD, S.. Edição Eletrônica de Freud. Imago. 1997e. CDROM. Artigo: ” (E) Os Processos Primário E Secundário – Recalcamento”.

FREUD, S.. Edição Eletrônica de Freud. Imago. 1997f. CDROM. Artigo: ”Além Do Princípio De Prazer”.

FREUD, S.. Edição Eletrônica de Freud. Imago. 1997g. CDROM. Artigo: “(B) O Esquecimento De Intenções”.

FREUD, S.. A Interpretação dos Sonhos. Rio de Janeiro: Imago. 1999.

JANIS, Pam. Do cells remember? 1998. Disponível em: <http://www.usaweekend.com/98_issues/980524/980524cells.html>. Acesso: 15/06/2006.

HOUAISS. Dicionário Houaiss da Língua Portuguesa. 2006. Disponível em: http://houaiss.uol.com.br/busca.jhtm?verbete=mem%F4ria&stype=k&x=14&y=0 Acesso: 15/06/2006.

QUEVEDO, Oscar G. A Face Oculta da Mente.São Paulo: Edições Loyola. 1993.

RHODES, Rafael H., tradução de Novella, Domingo Juan: Hipnosis, teoria, prática y aplicación, 2ª ed. México, Aquilar, 1958, pág. 146.

SQUIRE, Larry R. Memory systems of the brain: A brief history and current perspective. 2004. Disponível em: <http://whoville.ucsd.edu/PDFs/384_Squire_%20NeurobiolLearnMem2004.pdf>. Acesso: 17/06/2006.

 

Last Updated on Friday, 05 March 2010 09:16