Conceitos Básicos de Linguística |
Written by Adonai Estrela Medrado |
Tuesday, 01 July 2008 20:53 |
SobreEste trabalho foi apresentado como respostas a uma atividade da disciplina Lingüistica na Universidade Salvador (UNIFACS) em abril/2008. A compilação apresentada aqui contém pequenas alterações. LínguaA língua é um fenômeno interdisciplinar, desta forma, cada uma das disciplinas que a estuda lhe conceitua da forma que melhor lhe convém considerando seu objeto e objetivo. Por exemplo, considerando aspectos psicológicos, pode-se conceituar a língua como objeto de poder e de controle; considerando-se aspectos sócio-históricos pode-se conceituar a língua como meio através do qual transmitem-se os costumes, as tradições e as regras sociais. Não há, devido à própria essência da língua, como se chegar a um conceito único, pois o fenômeno da língua é interdisciplinar podendo, e devendo, ser interpretada de acordo com a área ou objeto de estudo. OralidadeA oralidade diz repeito a propriedade da língua de verbalidade. Através de um processo psíquico associa-se conceitos a imagens acústicas e em uma combinação de processos fisiológicos (com a fonação) e físicos (com a propagação sonora) consegue-se a comunicação. Por exemplo, quando uma moça vê algo que lhe chamou a atenção e deseja comunicar ao seu acompanhante, o estímulo visual, associado a um conceito, é transformado em uma imagem acústica, que utilizando os órgãos da fala, produz um som, que chega aos ouvidos do acompanhante que, por sua vez, associa os estímulos auditivos, decodificando-os. GramaticalidadeGramaticalidade é a característica da língua que possibilita um falante compreender o outro que compartilhe das mesmas correlações entre significados e seqüências de sons. A construção de uma sentença compreendível por outros é a demonstração desta característica. Ocorre a agramaticalidade quando não são respeitadas características essenciais que possibilitam a comunicação, por exemplo, não obediência de ordem obrigatória entre os elementos ou omissão de elementos indispensáveis. ArbitrariedadeArbitrariedade diz respeito à relação não obrigatória e casual entre um conceito e o termo que o designa. Em outras palavras, a escolha do significante para o significado é completamente aleatória, poderíamos utilizar qualquer outro nome para designar o que conhecemos hoje como tecla, por exemplo, o inglês, para este mesmo conceito utiliza o termo key. Entretanto, reconhece-se certos graus de motivação para a nomeação, haja vista a relação existente entre tecla/teclado e key/keyboard. Língua e falaA dicotomia saussuriana de língua e fala está relacionada à oposição social e individual. A língua é um fenômeno social, adquirido e resultante de uma convenção, sem sua apropriação não é possível a compreender o outro, mas nenhum indivíduo é detentor da língua, ela somente existe e é completa no todo. A língua é um sistema finito de signos utilizados para a comunicação. Já na qualidade do indivíduo há a fala que está diretamente relacionado ao uso das capacidades lingüísticas. Tem-se, por exemplo, a língua portuguesa como uma convenção social, e há o falante, o indivíduo que utiliza-se da língua, para construir frases e se comunicar. Significante e significadoPara Saussure, enquanto o significado está no plano das idéias os significantes estão no plano da expressão. Existe, por exemplo, o significante tecla e existe a idéia, o conceito, o significado que temos de tecla (uma peça de equipamento que podemos acionar com o dedo). Gramática internalizadaCapacidade que um indivíduo falante possui de reconhecer, sem que ninguém tenha lhe instruído formalmente, sentenças e expressões como da sua língua. Esta capacidade envolve habilidades léxicas e sintático-semânticas. RecursividadeCapacidade de utilizar regras da língua repetidas vezes para construção de sentenças, tornando o tamanho destas ilimitadas teoricamente, mas limitadas na prática por outras questões não associados a língua em si. Faculdade da linguagemAspecto garantido por condições neuro-genético-biológicas que possibilitaria ao ser humano sua capacidade de fala. Competência lingüísticaCapacidade do falante identificar a gramaticidade ou não de uma sentença formulada em sua língua. Gramática universalA gramática universal é um conceito que tenta encontrar uma uniformidade na característica gramatical da língua humana que estaria diretamente relacionada aos tipos gramaticais compreendidos pelo homem. Existiriam princípios e parâmetros. Os princípios seriam regras gerais necessárias para uma sentença em uma língua qualquer ser considerada gramatical. Por exemplo, seria um princípio a existência de um sujeito (do alguém que faz a ação), já os parâmetros seriam características variáveis deste sujeito que têm valores diferentes a depender da língua, como a possibilidade ou não do sujeito estar oculto. Modelo GerativistaA língua no modelo gerativista é tida como uma capacidade inata do ser humano devido a fatores neuro-genético-biológicos. Assim, a criança teria sua capacidade de aprender a língua devido à faculdade da linguagem, seria capaz de reconhecer sentenças como gramaticais ou agramaticais a sua língua através da competência lingüística e só seria capaz de aprender uma língua que seguisse os princípios da gramática universal. No entanto, os parâmetros postulados pela gramática universal conceberiam uma língua com possibilidades heterogêneas. Os parâmetros, principalmente pelo fato de não serem inatos, seriam capazes de acolher as peculiaridades sociais, as diferenças entre faixa etária, sexo, religião, etc. Abordagem descritiva e a abordagem normativaA abordagem normativa da língua, adotada nas gramáticas pedagógicas e nos livros didáticos, apresenta um conjunto de regras que devem ser seguidas para a obtenção de uma fala e escrita correta. Já na abordagem descritiva, a preocupação é com o efetivo uso, com as regras que são seguidas pelos falantes, havendo a preocupação com a descrição e/ou a explicação do que efetivamente acontece e não do que deveria acontecer. Assim, enquanto a abordagem normativa se preocupa com o que deve ser seguido, prescrevendo o que deve ocorrer, a abordagem descritiva, que orienta o trabalho dos lingüistas, descreve o que de fato é seguido.
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Last Updated on Tuesday, 01 July 2008 21:27 |